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  • Foto do escritorRenata Bento

OS DESENHOS INFANTIS REVELAM O ESTADO EMOCIONAL DA CRIANÇA

Atualizado: 15 de jul. de 2020


As representações gráficas infantis são uma manifestação espontânea do próprio funcionamento psicológico da criança. Assim, os mesmos servem como instrumentos de diagnóstico, pois expressam as fantasias e conflitos inconscientes, os medos, alegrias, tensões e impulsos agressivos. O desenho é uma produção, uma brincadeira muito expressiva.


Existem diversos manejos de interpretação dos gráficos infantis que cabe ao psicólogo. Uma interpretação equivocada pode atrapalhar mais do que ajudar. É preciso entender a linguagem gráfica da criança e decodificar. O adulto pode perguntar a ela sobre o desenho, mas precisa ter cuidado para não misturar suas próprias angústias e fantasias àquela expressão da criança. Por isso uma boa dica é aproveitar o desenho para se favorecer um diálogo, sabendo que poderá se abrir o mundo da imaginação através dessa conversa.


Desenhar passa a ser para a criança uma representação do seu mundo interno projetado no papel. Além de se expressar, desenhando, ela mobiliza recursos cognitivos - mentais e emocionais - para buscar resolver conflitos e diminuir angústias.


O mundo infantil fica representado nos traços, nas cores e nas formas do desenho. Portanto, além de ser um instrumento que pode facilitar o entendimento de como a criança sente-se, constitui ainda uma forma terapêutica de resolução de problemas. A criança revela através do desenho seu funcionamento.

Uma das principais funções do desenho no desenvolvimento infantil é a possibilidade que ele oferece de representação da realidade interna e também de aspectos da realidade externa. Trazer os objetos vistos no mundo, dentro e fora, para o papel é uma forma de lidar com os elementos do dia a dia, da realidade externa e de elaboração psíquica.


O desenho, como atividade expressiva, impulsiona o desenvolvimento mental, trabalha a expressão de sentimentos e pensamentos e contribui para melhor entendimento da complexidade do mundo interno infantil. Os desenhos, assim como o sonho noturno analisado nos adultos, valem-se de elementos pictóricos que podem parecer insignificantes, mas que são a manifestação do inconsciente à espera de uma decodificação ou, melhor dizendo, de algo que dê um sentido.


Assim como algo revela-se através de traços corporais, o que vai nos fornecer algumas pistas são os aspectos estruturais do desenho, como o tamanho, as cores, a forma, a pressão, a perspectiva, a simetria, as correções, retoques, entre outros. A interpretação desses dados somada à observação clínica pode nos dizer como essa criança sente-se e como ela lida com seus conflitos. Partindo do pressuposto de que aspectos da realidade estão sendo representados pela folha de papel, como a criança se experimenta? Ela ocupa todo o espaço da folha? Seu desenho é grande ou pequeno? Utiliza cores, quais? Restringe-se a um único espaço da folha? Seu desenho é empobrecido, apagado ou rico? O que é sentido pelo profissional quando observa esse desenho? A criança diz algo sobre o desenho? Repare que o desenho pode ser uma porta de entrada para a construção de muitas narrativas e isso facilitará o conhecimento a cerca dos sentimentos da criança.


Os desenhos, assim como os recursos utilizados, devem ser avaliados de acordo com a idade da criança. Os pais podem ter em casa um lugar criativo onde possam disponibilizar para a criança materiais para desenhar e pintar. Não há necessidade de forçá-la a essa atividade, é preciso partir dela. Como dito, uma boa conversa sobre os desenhos pode abrir espaço de diálogo e facilitar a entrada no mundo da imaginação da criança. Essa interação passa a ser algo lúdico e facilitador de intimidade e conectividade entre pais e filhos.


O que um desenho pode revelar

Diferenças - Os desenhos dos meninos estão intimamente ligados à ação e à força, sendo por consequência mais escuros e até mais agressivos (podem incluir explosões, armas e monstros, por exemplo). Enquanto os desenhos das meninas estão mais voltados para a natureza e a serenidade, sendo mais contemplativos, belos e coloridos. Isso não é uma regra, e sim uma observação. Lembre-se que o desenho é uma produção gráfica de aspectos inconscientes, é uma forma de linguagem da criança sobre seu mundo interno.


Fique atento:   Cores utilizadas e vivacidade das mesmas; força ou interrupção do traço, existência de sombras, isolamento de determinadas figuras (“fechadas” dentro de um quadrado ou de um círculo, por exemplo); ausência de determinadas figuras ou representação das mesmas numa escala muito reduzida; agressividade de determinadas figuras; a criança passa a desenhar, continuadamente, cenários de violência; desenha repetidamente a mesma figura; desenha figuras sem cabeça ou sem rosto (é hora de conversar e tentar entender); não consegue desenhar-se a si próprio, numa imagem de família por exemplo; desenha cenários que não são adequados à sua realidade, rasga os desenhos.


Lembre-se de que a interpretação dos desenhos deve ser feita de acordo com a idade da criança, ou seja, um desenho todo preto feito por uma criança de dois anos pode não ter nenhuma conotação negativa, uma vez que ela ainda não tem uma consciência clara da escolha das cores, ao contrário de uma criança mais velha, de 4 ou 5 anos, que já compreende.

O que fazer se o desenho da criança traz preocupação para os pais?

Não é preciso desesperar-se tampouco proibir a criança de desenhar. Lembre que o desenho é uma das formas que a mesma tem para se expressar sobre seus conflitos. Muitas vezes é difícil acreditar que crianças possam ter conflitos, queixas, inseguranças, que isso são coisas dos adultos, mas têm, e como têm. Como pode o meu filho, que tem tudo, ter conflito? Esse é um questionamento comum. As crianças observam tudo a sua volta, têm suas particularidades e sofrem.


Como os adultos nem sempre compreendem o que o imaginário infantil transpõe para o papel, é essencial manter um diálogo aberto.

Procure descobrir a “história” por trás de cada desenho e construir a partir disso uma narrativa. Mas, se os desenhos da criança continuarem a alarmá-lo, procure ajuda profissional. Se necessário, marque uma reunião com a coordenação escolar e com a professora, de forma a poder também ter acesso aos desenhos e verificar se esse padrão também ocorre na escola.


No entanto, a interpretação do desenho infantil é parte do trabalho minucioso do psicólogo e é muito importante não avaliá-lo isoladamente, nem interpretá-lo fora de contexto, mas de considerar, para além da idade, a sua personalidade, o seu desenvolvimento cognitivo e ainda o seu histórico. Deve-se analisar o contexto do desenho.

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