Abuso emocional – o tipo de violência psicológica, geralmente difícil de se reconhecer

A agressão física contém o abuso emocional, uma vez que, o (a) agressor (a) invade de forma abrupta o corpo do outro, ultrapassando a barreira do limite físico, atingindo de forma atropelada, o mundo interno da vítima.

Toda agressão física é também um abuso psicológico, mas, o mesmo, não podemos dizer sobre o abuso psicológico. Isto porque nem sempre o abuso psicológico é acompanhado da agressão física. E o fato de não ficar evidente, esse tipo de violência, traz consequências emocionais das mais diversas, porque vai destruindo a vítima silenciosamente. A agressão física deixa marcas no corpo e podem ser notadas, por isso é mais difícil de ser ignorada ou escondida.

O abuso psicológico, frequentemente, é invisível aos olhos das pessoas mais próximas e até mesmo da própria pessoa que sofre esse tipo de violência. A pessoa fica em dúvida, confusa e por isso é tão enigmático e complexo para se detectar. Como não há a agressão física, a vítima precisa ter noção clara do que significa a agressão psicológica. Muitas pessoas não buscam ajuda ou não consideram violência psicológica, pelo fato de não apresentar as marcas da agressão física, e ignoram as marcas internas. Outras vezes, a pessoa consegue compreender que se trata de violência, mas tem dificuldade de comprovar a agressão, e até de sair desse tipo de relação, devido ao vínculo de dependência emocional que se forma.

Nota-se ainda que algumas vítimas se sentem fracassadas e envergonhadas quando rompem e conseguem sair desse tipo de relacionamento. Mesmo depois de romper a relação, a vítima ainda precisará de um tempo para elaborar todos os sentimentos envolvidos.

Por agressão psicológica podemos entender: desvalorização, humilhação moral, ameaças, manipulação, perseguição, insultos, chantagem, ridicularização, distorcer ou omitir fatos para que a vítima fique confusa, vigilância constante, entre outras.

Umas das dificuldades em entender o limite da relação, se é abuso ou não, se dá justamente porque muitas vezes o agressor psicológico é sutil em sua atitude, ele faz pausas intermitentes em que parece ser uma boa pessoa, e mescla com momentos bons, que se misturam às agressões psicológicas. Além disso, a agressão psicológica ocorre na intimidade, ou seja, é comum o agressor tratar outras pessoas com gentileza, reservando os aspectos mais agressivos para serem projetados na intimidade do casal. Esse comportamento de gentileza do agressor com as pessoas externas, confunde a vítima, e a faz se sentir diminuída, desvalorizada e com sua autoestima agredida, chegando a duvidar de si. Nesse ponto da relação, a vítima se sente dependente e desamparada e o agressor passa a ser, de forma deturpada, seu porto seguro.

Esse sentimento de menos valia da vítima vai fazer com que ela se recolha das relações sociais por temer não ser boa o suficiente, ou ainda é muito provável que a vítima envolvida e dependente emocionalmente, comece a investir ainda mais na relação com o agressor, pois acredita que o problema está nela, e, portanto, precisa se tornar melhor ainda para agradar o (a) parceiro (a) e, assim, permanece apostando na relação com a esperança de que irá melhorar. O que colabora para a manutenção de um ciclo vicioso sem fim.

Pessoas muito tolerantes que têm dificuldade em dizer não, ou aquelas em fazem tudo para agradar o outro, sem se preocupar consigo mesmo, são as mais propensas a esse tipo de violência psicológica.

Algumas das sequelas causadas pela violência psicológica: estresse pós-traumático, depressão, perda da autoestima, crises de ansiedade, dificuldade em fazer novos vínculos afetivos, doenças físicas e consequências psicossomáticas.

O quanto antes a pessoa conseguir identificar a violência e buscar ajuda para se fortalecer, melhor, pois levará um tempo para que esteja confiante novamente para iniciar e dar continuidade em novas relações afetivas.